Inicialmente...
A
Inconfidência Mineira foi uma tentativa de revolta abortada pelo governo em
1789, em pleno ciclo do ouro, na capitania de Minas Gerais, no Brasil, contra,
entre outros motivos, a execução da derrama e o domínio de Portugal. Foi um
importante momento histórico para o Brasil, significou a luta do povo
brasileiro pela liberdade, contra a opressão do governo português no período
colonial.
No
final do século XVIII, o Brasil ainda era colônia de Portugal e sofria com os
abusos políticos e com a cobrança de altas taxas e impostos. Além disso, a
metrópole havia decretado uma série de leis que prejudicavam o desenvolvimento
industrial e comercial do Brasil.
Nesta
época a extração de ouro era grande, principalmente na região de Minas Gerais.
Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou seja, vinte por
cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses. Aqueles que eram
pegos com ouro “ilegal” (que não pagaram o imposto) sofriam duras penas,
podendo até ser degredado (enviado a força para o território africano).
Com
a exploração intensiva do ouro, ele começou a diminuir nas minas, mas mesmo
assim as autoridades portuguesas não diminuíam as cobranças. Nesta época,
Portugal criou a Derrama. Esta lei funcionava da seguinte forma: cada região de
exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para
a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados
da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até
completar o valor devido.
Todas
estas atitudes foram provocando uma insatisfação muito grande no povo e,
principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos
impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns membros da
elite brasileira (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas),
influenciados pelas ideias de liberdade que vinham do iluminismo europeu se
uniram para conquistar a independência do Brasil.
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Leitura da sentença dos inconfidentes, por Leopoldino Faria. |
O grupo era liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier,
conhecido por Tiradentes, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim,
entre outros representantes da elite mineira. A ideia do grupo era conquistar a
liberdade definitiva e implantar o sistema de governo republicano no Brasil. A
bandeira que os inconfidentes queriam colocar para o Brasil seria composta por um triangulo vermelho num
fundo branco, com a inscrição em latim : Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade
ainda que Tardia).
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Bandeira de Minas Gerais. |
Qual o papel de Tiradentes?
Joaquim
José da Silva Xavier nasceu na Fazenda do Pombal, entre São José
(hoje Tiradentes) e São João Del Rei em Minas Gerais, no ano de 1746,
e tornou-se o mártir da Inconfidência Mineira.
O apelido de Tiradentes veio da profissão de dentista que exercera com muita
responsabilidade, mas o ofício que mais lhe promoveu foi o de soldado,
integrante do movimento da Inconfidência Mineira - que o levou à morte em praça
pública, por enforcamento e esquartejamento.
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Tiradentes: líder da Inconfidência Mineira. |
A Inconfidência Mineira foi um
abalo causado pela busca da libertação do Brasil diante da monarquia
portuguesa, ocorrendo por longos anos, no final do século XVIII. Tiradentes se
tornou um herói por se entregar ao governo e assumir toda a responsabilidade
pelo movimento. Há uma pintura de Tiradentes feita por Joaquim Norberto de
Souza e Silva que se chama História da
Conjuração Mineira (1873). Essa pintura ressaltava o fervor religioso de
Tiradentes nos últimos minutos de sua vida.
As esculturas e pinturas de Aleijadinho e Mestre Ataíde
estão muito presentes no Estado de Minas Gerais, e há várias dessas obras que
representam indiretamente uma crítica à metrópole, o sofrimento dos escravos, o
autoritarismo dos senhores e entre outros. A maioria das igrejas de Tiradentes
foi construída por escravos negros que levavam de pouco em pouco ouro e sem
nenhum transporte. As igrejas demoravam a serem construídas e algumas (poucas)
eram construídas para os escravos negros onde só eles podiam entrar.
Após sacrifícios...
Com a superação da velha estrutura oligárquica, foi adotada a forma republicana, com oportunidade para todos. Houve a abertura dos portos, a criação de universidades, implantação de indústrias do ferro e o fomento das atividades econômicas.
Com a proclamação da Independência, Ouro Preto é elevada à categoria de Imperial Cidade em 1823. Criaram-se os institutos científicos e de educação, entre outros.
A partir da segunda metade do século XVIII, Vila Rica, em particular, tornara-se um centro civilizado.
A ostentação e a inclinação para os ritos sociais iam além das festas religiosas e oficiais. A elite colonial não dispensava o apuro no vestir, os requintes no mobiliário e no serviço de mesa.
Homens livres,forros, escravos e vadios também deixariam suas marcas na composição e no modo de vida dessa sociedade, inscritas em práticas cotidianas de trabalho e lazer.
Curiosidades
- Na primeira noite em que a cabeça de Tiradentes foi exposta em Vila Rica, foi furtada, sendo o seu paradeiro desconhecido até aos nossos dias.
- Tratando-se de uma condenação por inconfidência (traição à Coroa), os sinos das igrejas não poderiam tocar quando da execução. Afirma a lenda que, mesmo assim, no momento do enforcamento, o sino da igreja local soou cinco badaladas.
- A casa de Tiradentes foi arrasada, o seu local foi salgado para que mais nada ali nascesse, e as autoridades declararam infames todos os seus descendentes.
- Tiradentes jamais teve barba e cabelos grandes. Como alferes, o máximo permitido pelo Exército Português seria um discreto bigode. Durante o tempo que passou na prisão, Tiradentes, assim como todos os presos, tinha periodicamente os cabelos e a barba aparados, para evitar a proliferação de piolhos, e, durante a execução estava careca com a barba feita, pois o cabelo e a barba poderiam interferir na ação da corda.
Fontes:
Guias locais do Museu da Inconfidência;
Movimentos nativistas e de libertação – Inconfidência Mineira – 1789 – Vila Rica. Disponível em: < http://www.sohistoria.com.br/ef2/inconfidencia/ > Acesso em: 13 de nov. 2013
Palavras-chave: Inconfidência Mineira, Minas Gerais, derrama, depressão, desenvolvimento industrial, imposto, Tiradentes, Conjuração Mineira, enforcamento, exílio, Vila Rica, insatisfação.
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